domingo, 6 de abril de 2014

BATISMO – é um ato de louvor ou de vergonha para a igreja?

Minha intenção aqui não é dizer que o Batismo adulto é o correto nem que o Batismo infantil é incorreto, pois a bíblia não fala de Batismo de pessoa adulta nem de Batismo de crianças. Quando a Bíblia fala de Batismo ela não especifica idade, mas fala da ordem dada por Cristo em Mateus 28.19 e que, a partir do surgimento da igreja, esta ordenança ou sacramento torna-se o ato primordial para que alguém venha a fazer parte da Igreja de Cristo, do corpo de Cristo. O Batismo é necessário – não para a salvação, mas para mostrar em que está baseada a nossa fé.
A palavra de Deus antecede o Batismo. Assim, sem a compreensão exata do significado do Batismo ocorre o que Lutero já advertiu no passado: o Batismo pode se tornar uma brincadeira de homens! O Batismo tem um significado para a própria pessoa batizada e também para a própria sociedade onde esta vive. Independente da idade, o Batismo não pode ser administrado levianamente, pois isto poderá dissipar a graça contida no Evangelho.
Uma pessoa somente poderá receber o Batismo após ouvir e aceitar o Evangelho (At 2.38; At 8.37; At 16.14-15,31-33), uma vez que não há como uma pessoa fazer parte do corpo de Cristo sem professar sua fé nele. A vida em comunhão só tem sentido quando eu concordo com a fé que o grupo confessa. Sendo assim, só posso me tornar um cristão quando concordar com o que Cristo declara: que eu sou um pecador, que sem Ele estou afastado de Deus. Somente posso me tornar um cristão quando crer que Jesus morreu e que ressuscitou para me dar a certeza da vida eterna; somente posso me tornar um cristão quando aceitar Cristo como meu único Salvador e Senhor. Nenhum ser humano pode ser salvo sem ter Cristo como Senhor e Salvador de sua vida. A causa essencial para a salvação é o crer, não o Batismo. Assim torna-se ilógico o Batismo antes da confissão. Pois, como alguém pode viver o Batismo sem crer?
Portanto, batizar uma pessoa que não quer aceitar Cristo como Senhor e Salvador de sua vida é o mesmo que brincar de ser cristão, é fazer do Evangelho uma zombaria. Isto tem acontecido muito no meio evangélico, seja em ambientes Pentecostais ou Neopentecostais, onde muitos adolescentes recebem o Batismo como mero “costume”. Flagrante é tal fato também em igrejas históricas, onde o Batismo infantil é mais um acontecimento “tradicionalista” do que realmente um modo de vida.
            A pressão que muitos adolescentes sofrem para receberem o Batismo ou para serem confirmados pode ser vista como uma “obrigação”, quando feita com o intuito de não causar uma má impressão aos pais frente à sociedade ou até mesmo frente à Comunidade. Ou seja, é mais uma vergonha para o Evangelho, visto que, nestes casos, o que muitos adolescentes professam frente à Comunidade reunida não condiz com a forma como levam a sua vida, como agem no seu dia-a-dia. Em grande parte dos adolescentes podemos dizer que não há qualquer sinal de comprometimento com a sua “declaração de fé”. Isso se dá uma vez que os mesmos se sentem pressionados – seja pelos próprios pais ou pela igreja – a se comprometer com algo que, muitos deles, nem mesmo querem como verdade para as suas vidas. E isso é uma oportunidade para o mundo zombar do Evangelho.
Cabe a você que é ministro/a e também aos pais repensar o significado do Batismo, repensar o incentivo que vocês têm dado para que o adolescente seja batizado, confirmado. Cada pai conhece seu filho, cada pastor conhece suas ovelhas (ou deveria conhecer!). Portanto, vocês que são pais e que sabem que seus filhos não querem um relacionamento sério com Cristo, por favor, não os forcem a receber a graça do Batismo, a fim de manterem seus status frente à sociedade ou até mesmo frente à igreja – lembrem-se de que seus status podem fazer do testemunho do Evangelho uma zombaria. Talvez, o que seus filhos precisam é ver, em primeiro lugar, o Batismo sendo vivido diariamente em suas próprias vidas. Você que é ministro/a não faça do Batismo um termômetro para dizer que seu ministério é abençoado. O Batismo, uma vez realizado sem o devido comprometimento, transformará a sua igreja numa empresa, deixando de ser a igreja de Cristo e você se tornará um empregado e não um servo de Deus. E vocês adolescentes que se sentem pressionados conversem com seus pais, com o ministro/a de sua igreja, explique os motivos pelos quais você não quer ser batizado ou confirmado.
O primeiro sinal visível da graça de Deus é Cristo e não o ato do Batismo. Alguns dizem que a ordem dos fatores não altera o produto. Bem, nunca vi alguém começar a construção de uma casa colocando em primeiro lugar o telhado, as janelas, as portas e, por último, o fundamento, o alicerce. Você pode até ter em mãos todo o material necessário, porém, não pode começar a construção de cima para baixo, do telhado em direção ao fundamento. Creio que é isso que acontece quando colocamos o Batismo antes da confissão (antes do fundamento = fé em Cristo). Até podemos construir uma casa sem o alicerce, o fundamento. Mas, com certeza, tal construção não subsistirá.
Falamos tanto em amor, em liberdade, mas no fundo muitos pais e ministros/as acabam tirando essa liberdade dos adolescentes, querendo “induzi-los” a ser o que não querem ser, a confessar algo em que não acreditam. Isto é uma prova de falta de amor.  Creio que, enquanto existir o “tradicionalismo” dentro de qualquer igreja e enquanto nossos adolescentes se sentirem obrigados a confessarem uma fé a qual eles não querem abraçar, a igreja continuará os afastando de Deus.
Nossos adolescentes precisam de exemplos que guiem a sua vida de fé e não de um mero “tradicionalismo”.
                                                            Irio Edemar Genz

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