Minha
intenção aqui não é dizer que o Batismo adulto é o correto nem que o Batismo
infantil é incorreto, pois a bíblia não fala de Batismo de pessoa adulta nem de
Batismo de crianças. Quando a Bíblia fala de Batismo ela não especifica idade,
mas fala da ordem dada por Cristo em Mateus 28.19 e que, a partir do surgimento
da igreja, esta ordenança ou sacramento torna-se o ato primordial para que
alguém venha a fazer parte da Igreja de Cristo, do corpo de Cristo. O Batismo é
necessário – não para a salvação, mas para mostrar em que está baseada a nossa
fé.
A palavra
de Deus antecede o Batismo. Assim, sem a compreensão exata do significado do
Batismo ocorre o que Lutero já advertiu no passado: o Batismo pode se tornar
uma brincadeira de homens! O Batismo tem um significado para a própria pessoa
batizada e também para a própria sociedade onde esta vive. Independente da
idade, o Batismo não pode ser administrado levianamente, pois isto poderá dissipar
a graça contida no Evangelho.
Uma
pessoa somente poderá receber o Batismo após ouvir e aceitar o Evangelho (At
2.38; At 8.37; At 16.14-15,31-33), uma vez que não há como uma pessoa fazer
parte do corpo de Cristo sem professar sua fé nele. A vida em comunhão só tem
sentido quando eu concordo com a fé que o grupo confessa. Sendo assim, só posso
me tornar um cristão quando concordar com o que Cristo declara: que eu sou um
pecador, que sem Ele estou afastado de Deus. Somente posso me tornar um cristão
quando crer que Jesus morreu e que ressuscitou para me dar a certeza da vida
eterna; somente posso me tornar um cristão quando aceitar Cristo como meu único
Salvador e Senhor. Nenhum ser humano pode ser salvo sem ter Cristo como Senhor
e Salvador de sua vida. A causa essencial para a salvação é o crer, não o Batismo.
Assim torna-se ilógico o Batismo antes da confissão. Pois, como alguém pode
viver o Batismo sem crer?
Portanto,
batizar uma pessoa que não quer aceitar Cristo como Senhor e Salvador de sua
vida é o mesmo que brincar de ser cristão, é fazer do Evangelho uma zombaria. Isto
tem acontecido muito no meio evangélico, seja em ambientes Pentecostais ou Neopentecostais,
onde muitos adolescentes recebem o Batismo como mero “costume”. Flagrante é tal
fato também em igrejas históricas, onde o Batismo infantil é mais um acontecimento
“tradicionalista” do que realmente um modo de vida.
A
pressão que muitos adolescentes sofrem para receberem o Batismo ou para serem
confirmados pode ser vista como uma “obrigação”, quando feita com o intuito de não
causar uma má impressão aos pais frente à sociedade ou até mesmo frente à Comunidade.
Ou seja, é mais uma vergonha para o Evangelho, visto que, nestes casos, o que
muitos adolescentes professam frente à Comunidade reunida não condiz com a forma
como levam a sua vida, como agem no seu dia-a-dia. Em grande parte dos adolescentes
podemos dizer que não há qualquer sinal de comprometimento com a sua “declaração
de fé”. Isso se dá uma vez que os mesmos se sentem pressionados – seja pelos próprios
pais ou pela igreja – a se comprometer com algo que, muitos deles, nem mesmo querem
como verdade para as suas vidas. E isso é uma oportunidade para o mundo zombar
do Evangelho.
Cabe
a você que é ministro/a e também aos pais repensar o significado do Batismo,
repensar o incentivo que vocês têm dado para que o adolescente seja batizado,
confirmado. Cada pai conhece seu filho, cada pastor conhece suas ovelhas (ou
deveria conhecer!). Portanto, vocês que são pais e que sabem que seus filhos não
querem um relacionamento sério com Cristo, por favor, não os forcem a receber a
graça do Batismo, a fim de manterem seus status frente à sociedade ou até mesmo
frente à igreja – lembrem-se de que seus status podem fazer do testemunho do Evangelho
uma zombaria. Talvez, o que seus filhos precisam é ver, em primeiro lugar, o Batismo
sendo vivido diariamente em suas próprias vidas. Você que é ministro/a não faça
do Batismo um termômetro para dizer que seu ministério é abençoado. O Batismo,
uma vez realizado sem o devido comprometimento, transformará a sua igreja numa empresa,
deixando de ser a igreja de Cristo e você se tornará um empregado e não um
servo de Deus. E vocês adolescentes que se sentem pressionados conversem com
seus pais, com o ministro/a de sua igreja, explique os motivos pelos quais você
não quer ser batizado ou confirmado.
O
primeiro sinal visível da graça de Deus é Cristo e não o ato do Batismo. Alguns
dizem que a ordem dos fatores não altera o produto. Bem, nunca vi alguém começar
a construção de uma casa colocando em primeiro lugar o telhado, as janelas, as
portas e, por último, o fundamento, o alicerce. Você pode até ter em mãos todo
o material necessário, porém, não pode começar a construção de cima para baixo,
do telhado em direção ao fundamento. Creio que é isso que acontece quando
colocamos o Batismo antes da confissão (antes do fundamento = fé em Cristo). Até
podemos construir uma casa sem o alicerce, o fundamento. Mas, com certeza, tal construção
não subsistirá.
Falamos
tanto em amor, em liberdade, mas no fundo muitos pais e ministros/as acabam
tirando essa liberdade dos adolescentes, querendo “induzi-los” a ser o que não querem
ser, a confessar algo em que não acreditam. Isto é uma prova de falta de amor. Creio que, enquanto existir o “tradicionalismo”
dentro de qualquer igreja e enquanto nossos adolescentes se sentirem obrigados
a confessarem uma fé a qual eles não querem abraçar, a igreja continuará os
afastando de Deus.
Nossos adolescentes
precisam de exemplos que guiem a sua vida de fé e não de um mero “tradicionalismo”.
Irio Edemar Genz
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