segunda-feira, 30 de abril de 2012

O amor de Cristo e o amor das instituições religiosas

O amor somente é verdadeiro quando se renuncia algo de si mesmo. Efésios 5.1-2 – “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave”. 
A palavra amor nos remete a vários significados. E, para um melhor entendimento deste texto acima, gostaria de analisar a definição de dois conceitos de amor – um, segundo o Dicionário Aurélio e outro, segundo o Dicionário da Bíblia Almeida. 
Segundo Aurélio o amor pode ser definido como um sentimento que predispõe (leva) alguém a desejar o bem de outrem. Sentimento de dedicação absoluta (total) de um ser a outro ou a uma causa. 
Segundo Almeida, amor envolve consagração a Deus (Jo 14.15) e confiança total nele (1 Jo 4.17), incluindo compaixão pelos inimigos (Mt 5. 43-48; 1 Jo 4.20) e o sacrifício em favor dos necessitados (Ef 5.2; 1 Jo 3.16). Somos chamados a sermos imitadores de Deus e andarmos em amor como também Cristo nos amou. Aqui se encontra o maior exemplo de amor e, ao olharmos para este amor, veremos como muitas igrejas se encontram longe do mesmo. 
A igreja (ministros e ministras) hoje nos chama para sermos imitadores de Deus, de Cristo, e esquece que ela mesma também é chamada a ser imitadora de Cristo. Todo o cristão ao ouvir a palavra amor é remetido a mais de 2000 anos atrás e, portanto, é levado a lembrar-se do que Cristo fez por nós. Para todo cristão que percebe a necessidade de amor de alguma pessoa, seu conselho deveria ser de que tal pessoa somente encontrará este amor em Cristo, na igreja. Em Cristo, sem dúvida, sempre encontraremos o verdadeiro amor. Entretanto, cada dia que se passa está mais difícil de encontrar este amor de Cristo na igreja. Pergunto: isto acontece porque a igreja é composta de pessoas ou porque as pessoas não estão mais dispostas a viver o amor de Cristo? Fato é que a igreja hoje tende a estar mais preocupada com números do que com serem humanos. 
Nas últimas quatro igrejas que visitei juntamente com minha esposa, apenas uma, isto é, apenas em um ponto de pregação aonde ministros de fora vêm para pregar, é que tivemos um diálogo com o pastor. Somente ele perguntou os nossos nomes e de onde nós éramos. Também alguns membros daquele ponto de pregação nos convidaram para retornar e participar de mais cultos. Não busco ser reconhecido por ninguém, nem sou carente de amor, mas uma igreja que não pergunta o nome de seus visitantes e não convida os mesmos para voltar, não sabe o significado de igreja, não sabe o que significa amor. 
Atualmente, podemos dizer que a falta de amor nas igrejas é consequência de uma teologia controvertida de nossas instituições religiosas ou de um fraco ensino teológico, ou ainda, de um interesse pessoal, onde a pessoa busca tirar proveito através da fé de pessoas com pouco conhecimento em questões de fé em teologia. Cada instituição (igreja) faz seu plano de trabalho e, em cima disso, busca alcançar seus objetivos. Mas pergunto: quais são seus reais objetivos? 
Na maioria das vezes, as notícias na mídia apresentam algumas instituições como uma fonte de lucro de alguns ministros, como, por exemplo, a igreja N que está construindo o maior templo, o pastor N que acumulou muitos bens materiais, entre outros. Percebe-se aí o interesse, ou melhor, o objetivo de algumas instituições eclesiais gira em torno do arrecadar dinheiro e de construir mega templos. Da mesma forma, em outras instituições, perde-se tanto tempo com reuniões e mais reuniões para discutir o que a igreja vai fazer com os bens que ela possui ou pretende adquirir, como adquiri-los, e nunca sobra tempo para evangelizar e enviar missionários para povos não alcançados pelo Evangelho. 
A igreja esqueceu do “ide” proclamado por Jesus e adotou o “vinde”. Hoje, o centro do culto é uma mensagem de autoajuda; ministros e ministras estão mais preocupados em agradar aos homens do que a Deus. Com este sentimento de agradar aos homens o amor de Cristo é deixado de lado e passa a atuar na igreja um amor de interesses, onde uma pessoa somente tem atenção total de alguns ministros e ministras quando o mesmo vê que ela tem algo de valor para dar à igreja. Aquele amor de dedicação absoluta de um ser a outro ou a uma causa, aquele amor como um sacrifício em favor dos necessitados, está fora da maioria dos ambientes eclesiásticos. 
Pessoas problemáticas, muitas vezes, são deixadas de lado pela igreja. Ela somente quer trabalhar com pessoas que não lhe tragam dor de cabeça. Cada ministra e ministro está ligado a uma instituição religiosa, e a ela foi dado o dever de cuidar e zelar pela pregação de um Evangelho puro. Quando não existe mais este cuidado por parte dos responsáveis da instituição frente a seus ministros e ministras, a igreja de Cristo começa a sofrer com falsos ensinos e a ser destruída por gananciosos. 
Nesse sentido, vale ressaltar que o dever da liderança é zelar pelo testemunho e ensino de seus ministros e ministras e, quando a mesma não faz isto, deixa de ser porta-voz de Deus e passa a ser cúmplice dos atos de seus ministros e ministras. Não podemos chamar uma instituição de “religiosa” quando ela está preocupada somente em levantar um patrimônio milionário, quando está colocando seus usos e costumes acima da Palavra de Deus, quando está engessada por uma forma de culto (liturgia) de 500 anos atrás. Cristo não quer ver quem construiu a maior igreja, não olha a santidade de cada pessoa segundo seus usos e costumes, muito menos quer ser cultuado de forma mecânica; ele não instituiu uma forma única de culto, somente deseja que seus filhos o adorem em espírito e em verdade. 
Prédios, usos e costumes não bíblicos, tradição, tudo isto não tem valor nenhum para Deus. Ai da igreja que coloca isso como sua prioridade! 
Enquanto se constrói monumentos, se discute usos, costumes e tradição humana, o amor vai acabando e pessoas vão para o inferno. 
O que nossa instituição religiosa, o que você como ministro e ministra de Deus tem para apresentar a Ele? Templos, santidade através de usos, costumes e tradição ou pessoas que você levou até Ele? Pense nisso. Irio Edemar Genz