segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A quem mais demonstramos amor. A Deus ou ao ser humano?


Essa pergunta é indispensável, caso queiramos ter uma compreensão clara das Sagradas Escrituras. Porque digo isso: porque não existe amor verdadeiro sem obediência.
Certa ocasião, um perito na lei levantou-se para pôr Jesus à prova e lhe perguntou: Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna? O que está escrito na Lei? Respondeu Jesus. Como você a lê? Ele respondeu: Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento e ame o seu próximo como a si mesmo. Disse Jesus: Você respondeu corretamente. Faça isso, e viverá (Lucas 10.25-28).
Observando esse texto podemos perceber que o perito da lei interpreta a lei corretamente e, inclusive, sabe ela até de cor. Jesus percebendo que ele interpretou a lei corretamente diz para ele, então, ir e colocá-la em prática, ou seja, Jesus diz que ele deve amar a Deus de todo o coração, alma, forças e entendimento e amar o próximo como ele ama a si mesmo na prática, no dia-a-dia.
Jesus resume toda a lei nestes dois mandamentos: amor a Deus e amor ao próximo. Mas o que significa isso? A maior prova de amor nós encontramos em Cristo, seja o amor dele por Deus ou o amor dele pelo ser humano. Ele demonstrou o amor a Deus sendo obediente até a morte. Sim, Jesus amou a Deus de todo o coração, de toda a alma, com todas as suas forças e com todo o seu entendimento. E, por amar a Deus desta maneira, ele demonstrou que amava o seu próximo também, pois ao demonstrar total obediência a Deus ele demonstrou não só que amava a Deus, mas que amava o ser humano também.
Claro que nós como seres humanos pecadores nunca seremos iguais a Jesus, mas não é por isso que agora não vamos procurar viver como ele viveu.
Lá no Getsêmani Jesus, como ser humano, chegou a dizer: “Meu Pai, se não for possível afastar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade” (Mateus 26.42). Jesus sabia do propósito para o qual veio, ele sabia o que ainda estava por vir e que não seria fácil sua jornada. Mas por amor a Deus e por amor ao ser humano ele diz: “faça-se a tua vontade”. Jesus foi obediente até a morte! E isso é amor!
Podemos ainda lembrar do amor dos apóstolos por Deus, amor esse que custou a vida de quase todos eles. Podemos lembrar do amor dos reformadores por Deus, amor esse que custou a vida de alguns e de outros custou seu trabalho. Todos esses exemplos de amor a Deus refletem no amor ao próximo. Se todos, desde Jesus até os reformadores, tivessem sido desobedientes a Deus, não estaríamos hoje aqui falando acerca do amor de Deus. Nem teríamos motivos para isso.
É impossível falar em amor sem que haja obediência, pois a desobediência já mostra a falta de amor. E como vimos, não foi só Jesus que foi obediente até a morte. E isso nos diz muita coisa, inclusive, acerca da nossa obediência a Deus. Frente a isso, precisamos nos questionar: até que ponto estamos dispostos a obedecer a Deus?
Hoje, ouvimos muitas pessoas falando em amor, até em nossos púlpitos. Mas a maioria dos pregadores enfatiza o amor ao ser humano e esquece-se de falar do amor a Deus, o qual deve ser colocado em primeiro lugar.
Em 1 Jo 2.4 lemos o seguinte: Aquele que diz: "Eu o conheço", mas não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele. Jesus realça isso dizendo em Jo 15.10: Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço. Em seguida, ele vai dizer ainda: Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes odiou a mim. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia. Lembrem-se das palavras que eu lhes disse: nenhum escravo é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também perseguirão vocês. Se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à de vocês. Tratarão assim vocês por causa do meu nome, pois não conhecem aquele que me enviou (vv.18-21).
Somos chamados por Cristo a sermos suas testemunhas. E, quando realmente testemunhamos, não podemos mentir nem omitir nada. É preciso amar a Deus acima de tudo – isso quer dizer que, primeiro, devemos obedecer a Deus. Jesus diz: Quem, pois, me confessar diante dos homens, eu também o confessarei diante do meu Pai que está nos céus. Mas aquele que me negar diante dos homens, eu também o negarei diante do meu Pai que está nos céus. Não pensem que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim para fazer que ‘o homem fique contra seu pai, a filha contra sua mãe, a nora contra sua sogra; os inimigos do homem serão os da sua própria família’. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim (Mateus 10.32-38. Conseguem perceber nesse texto que a verdade está acima da paz? Como disse Lutero: “A paz se possível, mas a verdade a qualquer preço”. Da mesma forma, ele diz: “Que dos bens e familiares, possamos abdicar, também desta vida que desvanece, e do corpo que os homens podem matar. A verdade de Deus permanece, seu reino é eterno e sem par.
Amados irmãos, Jesus não nos mandou construir um mundo melhor nem esperar por um mundo melhor. Quando ele fala do fim dos tempos ele dá a entender que as coisas, na verdade, somente iriam piorar. Ele chamou seus discípulos e chama a cada um de nós para anunciarmos o seu plano de salvação, para pregarmos a sua Palavra – toda, não somente uma parte. E, como vimos anteriormente, certamente seremos odiados por isso. Mas precisamos nos lembrar: a nossa obediência a Deus deve vir sempre em primeiro lugar. Pois, a obediência é sinal de amor.
Lembre-se: quando alguém omite uma verdade, seja para os da própria família ou para qualquer outra pessoa, está sendo cumplice do erro. E por mais dolorosas que essas divisões sejam, um discípulo não deve permitir que seus afetos naturais enfraqueçam, de alguma maneira, a sua união com Cristo. Isso, por exemplo, é bem forte em uma família de muçulmanos, onde muitos acabam sendo excluídos da família por causa da fé em Jesus Cristo.
Chega um momento em que somos forçados a fazer uma escolha: viver em paz com a família e negar a Cristo ou confessar a Cristo e ser odiado até mesmo pela própria família ou a sociedade. A única forma de um cristão escapar do conflito é negar a Cristo e fazer concessões em seu testemunho –  o que seria um pecado. Todo cristão deve decidir, de uma vez por todas, amar a Cristo, tomar a sua cruz e segui-lo.
Mas quantas pessoas preferem omitir a verdade, a fim de viverem em paz com os outros? Quantas pessoas estão banalizando o significado verdadeiro de amor para poder apoiar como correto os seus desejos pecaminosos? Quantas pessoas hoje estão mais preocupadas em agradar os seres humanos do que agradar a Deus?
Nós começamos a propagar o reino de Deus aqui na Terra quando anunciamos a sua Palavra. E isso, sim, é sinal do verdadeiro amor a Deus e também ao nosso próximo. Aquele que omite ou distorce, nem que seja somente uma parte das Escrituras, não demonstra amor a Deus nem amor ao seu próximo. Como seres humanos estamos sujeitos a erros, mas isso não quer dizer que somente porque estamos sujeitos a isso devemos continuar errando.
Lembre-se que Jesus disse: Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento e ame o seu próximo como a si mesmo. Quando deixamos de lado o primeiro mandamento, ou seja, quando decidimos amar(obedecer) primeiro o ser humano e depois a Deus, é porque o ser humano se tornou o nosso Deus.
Fato é que estamos vivendo um tempo onde as pessoas trocam as verdades por mentiras e adoram a criatura ao invés do Criador. É preciso voltar a refletir sobre primeiro mandamento, pois, a partir do momento em que Deus não é mais o centro das nossas vidas, tudo pode ser considerado relativo e aí não existem, mais verdades absolutas. E, quando não existem mais verdades absolutas, entramos em guerra, ou seja, começamos a guerra por causa da relativização que está sendo disseminada. E a única alternativa que nos resta, então, é paramos com a relativização. Caso contrário, a guerra só irá aumentar.
O que ouvimos muito hoje – claro, não dito claramente nestas palavras, mas no fundo, seria essa a tradução do que se ouve na maioria dos púlpitos – é o seguinte: ame o seu próximo de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento e ame o seu Deus como a si mesmo. Faça isso, e viverás. Infelizmente, é isso que mais ouvimos por aí. 
Precisamos voltar ao primeiro mandamento, tendo-o em primeiro lugar em nossas vidas. Se isso não acontecer, também não precisamos mais nos considerarmos cristãos. Meu desejo é de que você decida amar a Deus acima de tudo e de todos e que ele seja o guia de seus passos, suas atitudes e suas palavras.

Irio Edemar Genz